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Notas não tão curtas sobre uma peça ruim (ou algo sobre Gerald Thomas)

Homenagem e crítica a Gerald Thomas, Peça Ruim, nova montagem da Cia de BifeSeco, é uma compilação de referências sobre o trabalho do controverso encenador e uma sátira do fazer teatral. Só não é uma ótima peça por não se levar tão a sério como poderia.

Sávio Malheiros, Má Ribeiro, Patrícia Cipriano e Jeff Bastos em Peça Ruim, de Dimis Jean Sores, em cartaz no Espaço Cênico. Foto: Marco Novack.

Eu só assisti a uma peça de Gerald Thomas: Gargólios, a mais recente dele e a primeira que ele trouxe ao Brasil depois de abandonar os bet’s por aqui, em 2009, e se dedicar a sua London Dry Opera, a versão inglesa da sua Companhia de Ópera Seca – comandada, agora, por Caetano Vilela. Não tenho uma opinião formada sobre a peça, se era ela boa ou ruim, se gostei ou não. Mas a assisti e isso foi importante. Ver, diante dos olhos, algo assinado por aquele que, nas décadas de 1980 e 1990, foi tido como um dos principais nomes do teatro mundial foi uma experiência, para mim, muito grata.

Independentemente da minha opinião, Gargólios tinha uma configuração interessante. Um “one man show”, o próprio Gerald Thomas, assumia o palco com um baixo na mão e introduzia o espetáculo que trazia um mundo apocalíptico com super-heróis destituídos de seus poderes, uma leitura algo turva, algo angustiada dos fatos que se seguiram aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Do palco, Gerald acompanhava e dirigia seus atores com o baixo na mão, dando as notas para a encenação – um certo menestrel fazendo as vezes de um deus coadjuvante, porém onipresente, em um mundo que não é o mundo, mas uma janela para algum recanto trágico, escondido, alheio a ele, no qual as entrelinhas deixam de ser uma simples sugestão para produzirem o fato em si.

Má Ribeiro como Gerald Thomas. Foto: Marco Novack.

A primeira vez que vi uma peça de Gerald Thomas foi, também, a primeira vez que me vi diante do homem. De certa maneira, eu o vi uma segunda vez, desta vem em Peça Ruim, o novo trabalho de Dimis Jean Sores e a sua Cia de BifeSeco que segue em cartaz até domingo, dia 18, no Espaço Cênico. Sim, na pele do controverso encenador, a atriz Mariana Ribeiro é o próprio Gerald Thomas. Ou melhor, uma versão sua, mas uma versão possível, crível e realista – um feito extraordinário que se deve, em grande parte, pela preparação e pelo acabamento que a atriz dá ao personagem, na atuação mais consistente da peça.

Assim como em Gargólios, Gerald, em Peça Ruim, também aparece com um baixo na mão e dita a encenação com suas notas.  Mas o que se vê não é uma peça, mas um ensaio comprometido por divergências entre uma atriz clássica, Irina Arkadina, interpretada por Luiz Bertazzo, e as propostas surreais do diretor que não se faz entender e exige dos seus atores uma entrega quase cega a suas concepções estéticas.

É a partir do conflito que se instaura entre encenador e Irina, uma versão tresloucada da consagrada atriz de A Gaivota, de Tchekhov, que se dá o andamento de Peça Ruim. Até que ele se estabeleça, e depois dele, o espetáculo acontece como recortes de diversas peças de Gerald, como Nowhere Man, Terra em Trânsito, The Flash and Crash Days, dentre outras que podem ser conferidas no videolog do encenador.

Luiz Bertazzo em cena como Irina, a atriz clássica que entra em conflito com Gerald Thomas e instaura a tensão de Peça Ruim. Foto: Marco Novack.

Não só recortes temáticos ou textuais, que se diga. A segunda peça da BifeSeco (a primeira foi Vivienne) coloca personagens, atores que trabalharam com Gerald, cenários e questões importantes para o encenador em cena, na qual tudo o que leva a assinatura do diretor – e ele mesmo – se torna referência para a criação de Peça Ruim, que nasce com o propósito de ser… bem, uma peça ruim. Logicamente que não o é. Pelo contrário. Mas, é preciso que se diga, ela só não é uma ótima peça por não se levar a sério como poderia.

Tudo nela caminha bem, da entrada do público – que precisa pegar a sua cadeira na entrada e colocá-la em qualquer local do cenário movediço criado, no local de encenação do Espaço Cênico, com barro – até aquele que seria o fim do primeiro ato, seguido por um possível intervalo que recebe a intervenção de Daniela Thomas, cenógrafa e cineasta que foi casada com Gerald e é representada, na peça, como Lucky, de Esperando Godot, de Samuel Beckett (um momento inspirado do espetáculo, com atuação excelente de Patrícia Cipriano) – Gerald, aliás, travou relações com Beckett, talvez sua principal referência e maior ídolo.

O segundo ato, no entanto decepciona. Se no primeiro o humor é usado como uma forma de encarar a visão por vezes tida como hermética de Gerald da arte ou o seu teatro “desconstruído” – suas referências e preferências colocadas em cheque pela presença de uma atriz clássica –, no segundo, texto e elenco descambam em uma espécie de patifaria algo indigesta que inclui a aparição de um estagiário de demônio (Diogo Zavadzki) e a ressurreição de um crítico de arte (Rafael de Lari, retornando ao mesmo papel que teve em Vivienne, mas na sua versão zumbi) para ajudar Gerald, o personagem, a construir, na véspera da estreia, um espetáculo que agrade os críticos (ou melhor, os “afete positivamente”) e o público.

Jeff Bastos e Sávio Malheiros, respectivamente como Domingos e Luis Damasceno, atores constantes no teatro de Gerald Thomas e os personagens mais carismáticos de Peça Ruim. Foto:Marco Novack.

Parece que falta uma mão que controle a algazarra que se estabelece em cena. Parte do ritmo da peça decai enquanto o exagero nas atuações aumenta, comprometendo o texto que se perde em meio a brincadeiras que, é verdade, arrancam gargalhadas, mas o empobrecem. Comprometem, por fim, a atuação de seus atores, uma das questões centrais da peça e que, até então, estavam fenomenais – Sávio Malheiros, como Luis Damasceno, o ator fetiche de Gerald; Jeff Bastos, como Domingos, outro ator querido ao diretor; Thiago Inácio, como o Ganso de Terra em Trânsito; além de Bertazzo, que roubava a cena como Irina.

Quem se salva neste caos em que até Stanislavski é exorcizado é Má Ribeiro, ou Gerald. Talvez por qualidades da atriz ou talvez por um propósito genuíno de Dimis Sores, o diretor. Em meio ao que é caótico, salvam-se os mais fortes. É uma imagem possível de Gerald Thomas, que sempre teve sua obra criticada (por vezes, duramente criticada), mas sempre se manteve produzindo e, até hoje, é uma referência.

Embora não se leve a sério, Peça Ruim não deixa de ser um programa interessante, divertido, e feito por gente talentosa que merece ser visto. Sua ousadia revela traços de um bom teatro que germina em um grupo ainda novo, mas com futuro.

PEÇA RUIM

Espaço Cênico

R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco

Última apresentações: quinta (15), sexta (16), sábado (17) e domingo (18),  sempre às 20h

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

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Idas e Vindas: o que entra e sai de cartaz no fim de semana (25-28/10)

Um pequeno furo ontem, mas já está aqui a relação das peças que entram e saem de cartaz neste fim de semana. Aliás, de hoje a domingo, serão três dias de intensa programação.

Peça Ruim, novo trabalho da Cia de BifeSeco com direção de Dimis Jean Sores, em cartaz no Espaço Cênico até 18 de novembro. Foto: Marco Novack/Divulgação.

Estreando por aqui tem Peça Ruim, o novo trabalho do diretor Dimis Jean Sores e sua Companhia de BifeSeco. Assim como Vivienne, primeiro espetáculo do grupo (leia crítica aqui), Peça Ruim é uma comédia absurda que faz uma homenagem e uma crítica ao teatro, ou melhor, ao teatro e à figura de Gerald Thomas. As apresentações, que tiveram início ontem, quinta-feira (25), vão até o dia 18 de novembro, sempre de quinta a domingo, no Espaço Cênico.

Cláudio Fontana e Marcello Antony em Macbeth, de Gabriel Villela, em cartaz no Teatro Bom Jesus. Foto: Divulgação.

Chegando por aqui para mini temporada no Teatro Bom Jesus tem Macbeth, montagem do diretor mineiro Gabriel Villela do texto shakespeariano com Marcello Antony no papel título e Cláudio Fontana como Lady Macbeth. O espetáculo, que assisti em São Paulo em julho, traz, inclusive, um elenco exclusivamente masculino, seguindo a tradição do teatro elisabetano. Na montagem, Villela imprime sua marca como encenador e cria um Macbeth arrojado visualmente, com sua inspiração barroca e referências ao teatro nô, e com ritmo ágil, principalmente por conta da tradução mais prosaica de Marcos Daud e a inclusão de um narrador que inexiste no texto original. A escolha, controversa de alguma maneira, tira das páginas uma história que sempre retorna a elas tentativa de narrá-la e não representá-la, exigindo a imaginação do público para que ela aconteça. É, de qualquer forma, uma estratégia interessante, ainda mais quando as interpretações não são realistas e parecem aprisionadas em uma forma de contenção que modula ou neutraliza gestos, falas e a movimentação dos atores em cena. Neste sentido, em outros possíveis, quem se sobressai é Fontana e sua Lady Macbeth, uma gueixa que levita no palco e que hipnotiza não só o protagonista, mas também a plateia.

Também chegando por aqui, tem Simplesmente Eu, Clarice Lispector, monólogo de Beth Goulart criado, dirigido e atuado por ela. O espetáculo teve sessões concorridas durante o Festival de Curitiba de 2010 e conferiu a Beth o Prêmio Shell-RJ de melhor atriz de 2009, além de outras premiações. A peça está em cartaz no Guairinha desde ontem, quinta (25), e segue com mais três apresentações de hoje a domingo (28).

Pra completar, ainda passam por aqui no fim de semana nova temporada de Pequenas Caquinhas, do Antropofocus, com apresentações sábado e domingo no Teatro Regina Vogue, e os espetáculos infantis Turnê Oficial da Galinha Pintadinha, com apresentações neste sábado no Teatro Positivo, e O Barbeiro de Ervilha, no Teatro da Caixa.

Falando em teatro infantil, vários espetáculos encerram suas temporadas neste fim de semana no Lala Schneider e nos teatros do Shopping Novo Batel. Confira abaixo a programação completa.

IDAS

Interditado – Para a Manutenção do seu Humor

Última apresentação: sábado (27), às 19h

Local: Teatro Paulo Autran(R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia entrada)

Super Mulher – A Comédia

Última apresentação: sábado (27), às 21h

Local:Teatro Paulo Autran(R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia entrada)

Orgulho Hetero – Da Adolescência ao Adultério

Última apresentação: sábado (27), às 23h30

Local: Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2775 – Shopping Estação)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

O Fantasma da Ópera

Últimas apresentações: sexta (26) e sábado (27), à meia-noite

Local: Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia entrada)

Duração: 80 minutos

O Cretino

Últimas apresentações: sexta (26) e sábado (27), à meia-noite

Local: Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

2012 – A Comédia do Fim do Mundo

Últimas apresentações: sábado (27) e domingo (28), às 21h

Local:Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

Entre Duendes e Fadas

Última apresentação: domingo (28), às 11h

Local:Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada)

A Dona Baratinha de Silva Só

Últimas apresentações: sábado (27) e domingo (28), às 16h

Local: Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada)

Para onde vão os brinquedos

Última apresentação: domingo (28), às 16h

Local: Teatro Lala Shneider (R. Treze de Maio, 629 – Centro)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada)

Giramundi

Última apresentação: sábado (27), às 15h

Local: Circo da Cidade do Zé Preguiça (R. Campo Mourão, s/n – esq. com a R. Benedicto Siqueira Branco – Alto Boqueirão)

ENTRADA FRANCA

Chapeuzinho Vermelho Phantom

Última apresentação: domingo (28), às 16h

Local: Teatro João Luiz Fiani (R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

Duração: 60 minutos

A Dama e o Vagabundo

Última apresentação: domingo (28), às 16h

Local: Teatro Fernanda Montenegro(R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada)

Duração: 50 minutos

João e Maria

Última apresentação: sábado (27), às 16h

Local: Teatro Paulo Autran (R. Coronel Dulcídio, 517 – Shopping Novo Batel)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

Cineton

Últimas apresentações: terça (30) e quarta (31), horário sob consulta pelo telefone: (41) 3018-6194

Local: Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1348 – Centro)

Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada)

VINDAS

Peça Ruim

Apresentações:de 25 de outubro a 18 de novembro, de quinta a domingo, às 20h

Local: Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10

Duração: 140 minutos

Macbeth

Apresentações: sexta (26) e sábado (27), às 21h; domingo (28), às 19h

Local: Teatro Bom Jesus (R. 24 de Maio, 135 – Centro)

Ingressos: R$ 50 e R$ 25 (sexta e domingo); R$ 60 e R$ 30 (sábado)

Duração: 90 minutos

Simplesmente Eu, Clarice Lispector

Apresentações: sexta (26) e sábado (27), às 21h; domingo (28), às 19h

Local: Guairinha (R. XV de Novembro, s/n – Centro)

Ingressos: R$ 70 e R$ 35 (meia entrada)

Duração: 60 minutos

Pequenas Caquinhas

Apresentações: sábado (27), às 21h; domingo (28), às 19h

Local:Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2775 – Shopping Estação)

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada)

Galinha Pintadinha

Apresentações: sábado (27), às 15h e às 17h30

Local: Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido)

Ingressos: R$ 95 e R$ 50 (meia entrada mais taxa)

Duração: 60 minutos

O Barbeiro de Ervilha

Apresentações: sábado (27), às 18h; domingo (28), às 15h e às 18h

Local: Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280 – Centro)

Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada)

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Mais um olhar sobre Exposição

O bom de ter mais de uma voz falando sobre a cena teatral da cidade é a diversidade de opiniões que sai de cada uma sobre uma mesma peça. A Cilene Tanaka, do Teatrofagia, publicou, hoje, um texto bacana com sua percepção sobre Exposição, a peça do Coletivo Couve-Flor, com dramaturgia assinada por Dimis Jean Sores, que encerra temporada neste fim de semana no Teatro Novelas Curitibanas.

Confira: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/teatrofagia/?id=1290051&tit=exposicao:-uma-homenagem-a-helio-oiticica-e-lygia-clark-em-forma-de-bricolagem!

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Idas e vindas: o que entra e sai de cartaz no fim de semana (24-26 de agosto)

A divulgação (ou a falta dela) de peças sempre foi um problema em Curitiba. É um problema porque faltam espaços para divulgação – e os que existem, apesar dos esforços, nem sempre dão conta de todas as informações. Mas, vendo de fora, há um problema maior do que a pequena quantidade de espaço: as companhias que não sabem utilizá-los – nem os de imprensa, nem seus próprios meios! Falar que a imprensa não ajuda quando os próprios grupos, os mais interessados em ter público, não se divulgam com precisão é o problema. Não só se encontra sites e blogs desatualizados, como também informações importantes imprecisas sobre os espaços em que são apresentados os espetáculos, datas, horários etc.

Mais que uma queixa, este é um apelo. Há público interessado e há meios de ser efetivo em termos de divulgação. O Facebook tá aí pra isso, os blogs também. E, pra ser sincero, é mais fácil recorrer a eles do que a portais e jornais.  Outra coisa: especifiquem a duração das peças! Esta informação tem sido fundamental, ainda mais quando teatro é apenas um dos programas da noite de muita gente.

Para ajudar a consolidar informações de uma maneira sintética, resolvi criar a categoria Idas e Vindas, com aquilo que entra e sai de cartaz no fim de semana. Não é uma programação completa, mas uma tentativa de agrupar espetáculos por post. O que faltar aqui, pode ser  complementado nos comentários por quem quiser. E, se ainda assim faltar informações, sempre tem o Podcast Quarto Ato, que consegue fazer uma agenda bem atualizada da programação teatral da cidade. Vale conferir!

Vamos aos trabalhos!

IDAS

Cena de O Santo Cristo, musical que faz sua última apresentação hoje no Teatro Regina Vogue. Foto: Divulgação.

O Santo Cristo

A adaptação da música Faroeste Caboclo do Legião Urbana tem sua última sessão hoje, sexta (24), às 21h, no Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2775 – Shopping Estação). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Suave Napalm

A bela montagem do impactante texto do inglês Philip Ridley com Guenia Lemos e Gustavo Lorenzo também encerra sua temporada hoje, sexta (24), às 21h no Indra (R. Dr. Reynaldo Machado, 89 – Rebouças). Ingressos: R$ 30.

Casa do Terror 1 e 2

Uma das comédias de maior sucesso em Curitiba, a Casa do Terror 1, que retomou temporada em junho, faz sua última apresentação hoje, sexta (24),às 23h59, no Teatro Lala Schneider (Rua. Treze de Maio, 629 – Centro). Amanhã, sábado (25), a sequência Casa do Terror 2 faz sua última apresentação também no Lala, às 23h59.  Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia entrada).

Buraco da Fechadura

A adaptação de contos de A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, que está em cartaz no Teatro Antônio Carlos Kraide (Portão Cultural – Av. República Argentina, 3430 – Água Verde) encerra sua temporada no domingo (26) com apresentações às 20h na sexta e sábado e às 18h no domingo. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada).

Exposição

O trabalho inventivo conduzido por Dimis Jean Sores a partir de cartas trocadas entre os artistas Lygia Clark e Helio Oiticica na década de 1960 tem apresentação até domingo (26), com sessões às 20h (sexta e sábado) e às 19h (domingo) no Teatro Novelas Curitibanas (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 122 – São Francisco). A entrada é franca.

Macho não ganha flor

Peça de João Luiz Fiani a partir do texto de Dalton Trevisan, a peça com Marino Jr. que retomou temporada neste mês faz suas últimas apresentações de hoje (24) a domingo (26) no  Teatro Lala Schneider (Rua. Treze de Maio, 629 – Centro) sempre às 21h. Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (sexta e domingo); R$ 40 e R$ 20 (sábado).

Eu te amo

Montagem do consagrado texto de Arnaldo Jabor com Alexandre Borges e Juliana Martins tem apresentações neste sábado (25), às 21h, e no domingo (26), às 19h, no Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2775 – Shopping Estação). Ingressos: R$ R$ 70 e R$ 35 (meia entrada).

VINDAS

Forte

Espetáculo do Coletivo Couve-Flor com Michelle Moura e Luciana Navarro fica em cartaz de hoje (24) a domingo (26) no Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305), com apresentações sempre às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada).

Dos Gardenias Social Club

O espetáculo de improvisação e dança da companhia mineira UMA tem apresentações neste sábado (25), às 21h, e domingo (26), às 19h, no Teatro José Maria Santos (R. Treze de maio, 655 – São Francisco). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada).

As Domésticas

A comédia do Barracão Encena estreia neste sábado (25) e segue em cartaz até 29 de setembro no Teatro Barracão Encena (R. Treze de Maio, 160 – Centro), com apresentações sempre aos sábados, às 21h. Ingressos: R$ 30, R$ 20 (bônus no site http://www.teatrobarracaoencena.com.br) e R$ 15 (meia entrada).

Orgulho Hétero da Adolescência ao Adultério

Outra comédia do Barracão Encena que estreia nesta sexta-feira (24) e segue até 28 de setembro no Teatro Barracão Encena (R. Treze de Maio, 160 – Centro), com apresentações sempre às sextas-feiras, às 21h. Ingressos: R$ 30, R$ 20 (bônus no site http://www.teatrobarracaoencena.com.br) e R$ 15 (meia entrada).

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Exposição: desdobramentos da experimentação cênica ganham espaço no Novelas Curitibanas

Peça transpõe para o palco ideais artísticos que marcaram as obras de Lygia Clark e Hélio Oiticica nos anos 60 e instiga uma nova percepção do fazer teatral

Exposição: ideais artísticos de Lygia Clark e Hélio Oiticica dão a tônica do espetáculo que investe na experimentação cênica. Foto: Leco de Souza/divulgação.

Compilações de trechos de cartas de Hélio Oiticica para Lygia Clark, entregues em uma única carta ao espectador antes do início espetáculo, sinalizam o que pretende ser Exposição, peça do coletivo Couve-Flor que está em cartaz até 26 de agosto no Teatro Novelas Curitibana com entrada franca. Exposição é uma “grande sala de experimentação” na qual atores e diretor se expõem em um tipo diferente de contato com o público, um público que, também ele, experimenta uma forma distinta de encarar – e a palavra é esta – a experiência cênica que se apresenta.

Concebida a partir das cartas trocadas entre Oiticica e Clark de 1964 a 1974, a peça transporta para o espaço cênico os ideais dos dois artistas que revolucionaram as artes plásticas brasileiras na segunda metade do século XX, alterando as percepções de tempo e espaço da obra de arte e do papel do espectador em relação a ela, fazendo dele sua parte integrante e seu coautor. Não só transporta como também se apropria desses ideais: sai a obra de arte e entram a experiência cênica e o fazer teatral, compartilhados com o público de modo que ele também atue na sua construção. Ou melhor, na sua conclusão, como de fato se dá em Exposição.

Até chegar a este desfecho “interativo”, o espetáculo é uma grande discussão sobre a possibilidade de experimentação e uma prova de como ela pode existir no espaço cênico. Da entrevista coletiva que abre o espetáculo até o discurso do ator Eduardo Simões sobre a natureza da proposta que colocam para a plateia, tudo converge para esta possibilidade que, de fato, acontece. É um preparo e um convite que, claro, não precisa ser aceito, mas se torna irrecusável para alguns.

Com dramaturgia assinada por Dimis Jean Sores, que também divide a direção com Cândida Monte e Gustavo Bitencourt, Exposição recebeu a colaboração da premiada diretora e encenadora paulista Cibele Forjaz, que trouxe para o Festival de Teatro de Curitiba deste ano o seu aclamado O Idiota – uma novela teatral – e que retorna à capital paranaense para um bate-papo sobre Exposiçãono dia 19 de agosto

Eduardo Simões em cena de Exposição. Foto: Leco de Souza/divulgação.

também no Novelas. Dividida em quadros, a peça é um desdobramento desta possibilidade de experimentação, numa sucessão de recortes que versam sobre a obra teatral, o ato de representar, os limites da encenação etc. É metalinguagem enfim. E, de novo, metalinguagem.

Usar uma peça para discutir o fazer teatral tem sido uma aposta recorrente nisso que se chama nova dramaturgia, principalmente entre grupos mais jovens. Faz sentido. Afinal, como fazer algo novo quando, aparentemente, tudo já foi feito em termos de dramaturgia? No entanto, esta aposta não só tem se tornado repetitiva, como também pouco expressiva em termos de produção espetáculos relevantes.

Exposição incita uma curiosidade e um olhar atento para aquilo que propõe. Diverte em muitos momentos e consegue ser genial em alguns de seus quadros – o improviso do ator que tem três minutos para fazer o que quiser em cena, a bajulação que se segue e a ligação da atriz insegura para o diretor que teme ser colocada a prova (atuação impagável de Mariana Ribeiro) são alguns deles –, mas peca pela falta de coesão e um senso de unidade que permita entendê-la como uma obra teatral como tal. Não que isso a comprometa como espetáculo e espaço para a experimentação cênica. O envolvimento do público, até mesmo durante a interação final, dá provas de que a peça agrada. Isso diz muito, ainda mais quando o que se quer passar nem sempre faz sentido para a plateia.

Exposição – um espetáculo teatral

Teatro Novelas Curitibanas

R. Pres. Carlos Cavalcanti, 122 – São Francisco

De quinta a domingo, às 20h

Até o dia 26 de agosto

ENTRADA FRANCA

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Vivienne é teatro falando do próprio teatro*

Peça da mostra Coletivo de Pequenos Conteúdos surpreende com montagem debochada e inteligente

Sávio Malheiros e Patrícia Cipriano em cena de Vivienne, peça divertida que satiriza a construção do teatro contemporâneo. Foto: Rubens Nemitz Jr./Gazeta do Povo.

Vivienne é uma escritora em crise criativa. Depois do sucesso alcançado aos 12 anos com a publicação de um romance sobre um menino judeu escondido sob o assoalho, ela nunca mais conseguiu repetir o seu feito infantil. Agora, perto dos 30 anos, com outras preocupações na cabeça, dentre elas a possibilidade de um AVC, ela quer deixar uma marca, mas não tem ideia, apenas algumas frases soltas sobre o amor.

Encontramos uma Vivienne alucinada quando entramos no TUC – Teatro Universitário de Curitiba, onde a peça que leva o nome da personagem está sendo exibida até sábado. Uma seleta plateia é convidada a assistir ao espetáculo em cadeiras espalhadas pelo palco, o que a torna participante e cúmplice dos tormentos da escritora que, desesperadamente, procura algo inédito e bom para escrever, mas não consegue, nem com a ajuda dos amigos que se aglomeram no seu apartamento.

Aliás, é normal que amigos sejam condescendentes quando colocados no papel de críticos. Há laços mais importantes que precisam ser mantidos e é por isso que a crítica, seja ela positiva ou negativa, dá lugar à simples bajulação. É preciso que um escritor célebre, que surge na peça na forma de um assado para ser devorado por comensais sedentos de arte e inspiração, mostre a Vivienne o caminho para o seu sucesso. É a partir daí que “Vivienne”, não mais a personagem, mas a peça, envereda sobre o tema que quer explorar: o teatro contemporâneo.

Satírico, o espetáculo faz rir – e muito –dos pressupostos artísticos que ditam a construção do teatro atual: pegue um fato cotidiano – a crise criativa, por exemplo – e o envolva em meio ao caos de ideias, sentimentos e personagens, tendo como mote a metalinguagem – o teatro falando do próprio teatro. Junte um pouco de filosofia e algo de mistério – aquilo que o público não vai reconhecer de imediato – ao texto e o entregue a um diretor consagrado, que possa desconstrui-lo de acordo com a sua própria dramaturgia. E deixe, por fim, que o crítico, o grande vilão de Vivienne, a peça, desenvolva as teorias que, no fim das contas, estão fadadas à morte.

É uma maneira de ver as coisas e “Vivienne” acerta justamente por não se levar a sério. Despretensiosa, ela se torna um jogo divertido e cheio de qualidades: o cenário caótico, o texto rápido e irônico, e um elenco que, embora desigual, torna o espetáculo agradável. O destaque vai para Patrícia Cipriano, atriz que dá vida à protagonista, e sua atuação algo neurótica e exagerada, mas delicada em certo sentido, que causa empatia e faz rir em muitos momentos.

Desenvolvida por um grupo de atores como trabalho de conclusão do curso de artes cênicas daFaculdade de Artes do Paraná, a montagem surpreende em meio à produção de grupos iniciantes. Isso não significa que não haja tropeços. Na tentativa de caracterizar tudo o que sinalizam como elementos deste teatro contemporâneo, algumas situações não se encaixam na narrativa e são lançadas na peça apenas para arrancar gargalhadas da plateia – o que funciona, é verdade, mas que também dá provas de inconsistência.

Personagens deslocados e atuações afetadas também minimizam o sabor agradável da peça, que muitas vezes peca pelo exagero. Logicamente, ele é proposital, mas parece diminuir o impacto das questões que, mesmo em meio ao absurdo e ao cômico, são importantes para o jovem grupo de atores – afinal, são eles que colocam essas questões em cena.

Problemas à parte, “Vivienne” é uma grata surpresa. Leve, irreverente e debochada, a peça merece ser vista, se não pelo tema que propõe, pelo menos para se ter boas risadas.

* Texto publicado originalmente em 05/04/2012 na página do Festival de Teatro de Curitiba da Gazeta do Povo Online. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/festivaldecuritiba/conteudo.phtml?tl=1&id=1241454&tit=Vivienne-e-teatro-falando-do-proprio-teatro.

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